OCA assessora associações e cooperativas de hortas comunitárias de Sete Lagoas com ATER Agroecológica

A Organização Cooperativa de Agroecologia – OCA vem desenvolvendo um trabalho de assistência técnica e extensão rural inovadora com as associações e cooperativas das hortas comunitárias de Sete Lagoas, Minas Gerais. Contando com uma equipe multidisciplinar e sensível a questões de gênero, a OCA vem realizando uma assessoria que já é socialmente referenciada pelas famílias de agricultores. No entanto, essa experiência metodológica está sendo adaptada a um contexto diferente, o da agricultura urbana.

As hortas comunitárias de Sete Lagoas são referência em agricultura urbana, tendo a primeira horta sido implantada em 1982. Hoje, existem sete hortas urbanas em diferentes bairros, que contam com aproximadamente 358 agricultores e agricultoras cadastrados. A OCA, em parceria com o WWF Brasil, foi contratada para implementar esse serviço de ATER inovador para as associações e a cooperativa das hortas comunitárias, no âmbito do Projeto Bacias e Florestas.

O desafio vem se revelando bastante promissor. A equipe de ATER elaborou uma estratégia de trabalho com pequenos núcleos nas hortas, utilizando metodologias participativas e populares, e através de “temas geradores”, como tecnologias sociais (biofertilizantes, “água de vidro”, microrganismos eficientes, composteira, entre outros). Esses espaços têm o objetivo de formação, mas também de compreender melhor a realidade, os desafios e as oportunidades e, principalmente, aumentar o engajamento comunitário, fortalecer as organizações comunitárias e as práticas de solidariedade e cooperativismo que esses agricultores realizam no dia a dia.

O trabalho vem sendo construído de forma coletiva e participativa e dividido em etapas, sendo que, primeiramente, foi feito um diagnóstico participativo das associações e hortas, considerando características ambientais, econômicas, sociais, culturais e tecnologias sociais. Com esse diagnóstico, foram elaborados Planos de Gestão Comunitária e Participativa, com ações estratégicas de curto, médio e longo prazo para cada organização, de acordo com suas peculiaridades.

Esses planos são interativos e dinâmicos e vão sendo melhorados com a participação das organizações que recebem o serviço de ATER da OCA. “Um dos principais desafios da ATER é conquistar a confiança das agricultoras e agricultores. Confiança leva tempo, como aquela história de comer uma colher de sal. Para confiança, precisamos comer muitos quilos de sal juntos”, reflete o engenheiro florestal e doutor em plantas medicinais Iberê, que coordena a equipe de ATER.

“Temos muitos desafios para alcançar um serviço de ATER agroecológico e inovador. Esses desafios são sutis, como o tempo de trabalho para adquirir confiança. Outro desafio é fortalecer o coletivo, a cooperação, aprender a trabalhar juntos, de forma participativa, utilizando metodologias que são socialmente referenciadas. Outro é pensar em uma equipe multidisciplinar, valorizar a cultura, ter uma equipe que contemple as questões de gênero e juventude. Também é importante compreender a relevância dos ‘temas geradores’. São os temas geradores que nos permitem analisar melhor uma realidade. E o primeiro passo para mudar uma realidade é conhecê-la”, pondera.

A equipe da OCA está muito empolgada com o trabalho. Os técnicos que atuam ficam encantados a cada nova visita e com o entusiasmo dos agricultores e agricultoras ao receber o trabalho de ATER inovadora. O trabalho com os núcleos vem surtindo efeito, e é observada cada vez maior participação e interesse das pessoas. Já foram realizadas diversas oficinas e atividades coletivas, com temas como “água de vidro”, biofertilizante, produção de mudas, manejo ecológico, cooperativismo e associativismo, comercialização, cadastro dos agricultores familiares, entre outros.

É um trabalho gratificante que vai permitir à OCA avançar em reflexões. Uma delas foi perceber, observar e sentir como hortas urbanas podem ser um instrumento de emancipação, de empreendedorismo comunitário, de soberania alimentar, de melhoria da qualidade de vida de diversas pessoas, de geração e melhor distribuição de renda e, especialmente, de transformação social de realidades. Durante o trabalho, há diversos relatos da importância das hortas na vida dessas famílias, como o relato de uma agricultora: “Só vim pra cá em 2006. Infelizmente. Porque depois da horta minha vida mudou. Consegui daqui tudo que tenho. Até ajudei a estudar meu sobrinho”, conta com alegria sua história, que é apenas uma das tantas histórias dessas hortas.

Confira imagens:

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